“Nada de televisão até aos 3 anos”; “Não adormecerão na minha cama”; “Não comerão chocolates até aos 5 anos”; “Nunca permitirei que comam no carro”… Todos dizem que não seriam esse tipo de pais, até que… os filhos nasceram e a importância dessas palavras tornou-se relativa. O grupo de mães e pais defraudados pelas próprias convicções é grande.
Antes de serem pais dizem-se muitas coisas, quando os filhos ainda são bebés dizem-se muitas coisas, quando são crianças dizem-se muitas coisas… e à medida que vão crescendo apercebem-se que umas coisas são cumpridas e outras simplesmente não.
É essencial entender que todos são humanos e suscetíveis a mudar de ideias ou comportamentos ao longo do tempo. Seguem algumas possíveis explicações para este fenómeno social e de parentalidade:
1. Mudança de circunstâncias. As situações e circunstâncias de vida mudam e de espectadores confortavelmente “sentados no seu lugar” passam a autores da própria circunstância. Aí, as responsabilidades, pressões ou desafios podem levar os pais a considerarem as suas decisões anteriores.
2. Adaptação a uma nova realidade. Às vezes, os pais deparam-se com situações que exigem ações diferentes daquelas que imaginavam anteriormente. Eles percebem que, na prática, fazer algo que disseram “nunca” não é tão problemático quanto pensavam.
3. Aprendizagem e crescimento. À medida que os pais passam por diferentes experiências e aprendem com elas, podem perceber que as suas opiniões e abordagens mudam ao longo do tempo. E isto é normal no processo de crescimento pessoal.
4. Flexibilidade e adaptação. A parentalidade é imprevisível e desafiadora. Ser flexível e ajustável às circunstâncias pode ser necessário para lidar com as demandas e as responsabilidades que surgem.
5. Pressão social ou familiar. Às vezes, sobretudo as mães, sentem-se pressionadas por expectativas sociais ou familiares e acabam por fazer coisas que originalmente não tinham planeado, a fim de se ajustarem a essas expectativas.
Todas as pessoas têm as suas próprias jornadas e experiências individuais. O autojulgamento dos pais por não seguirem rigorosamente as suas declarações anteriores do “eu nunca” é injusto e frustrante pois a maternidade é uma experiência complexa e em constante evolução. O mais importante é que os pais tomem decisões bem pensadas e baseadas no melhor interesse dos seus filhos, mesmo que isso signifique mudar de opinião ou ajustar as suas abordagens ao longo do tempo.
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