Os castigos ainda existem na conduta parental portuguesa e nalguns contextos escolares (tal como tempos reduzidos de intervalo, a escrita repetida de frases do que não deve fazer, os trabalhos de casa adicionais, tornando-os um inimigo a evitar e descredibilizando o seu objetivo…), sendo absolutamente dispensáveis na educação das crianças.
Um castigo, por si só, deve ser algo mau, negativo e não levam a que a criança nutra mais respeito pelos professores/pais mas, pelo contrário, medo dos mesmos.
Por exemplo, no contexto escolar, os melhores professores não castigam porque sabem impor a sua autoridade, de forma assertiva. Os melhores professores não gritam, ameaçam ou ralham… simplesmente incutem respeito.
Por outro lado, e ainda os há, os professores adjetivados como histéricos, sarcásticos enfurecidos, mal-encarados e ineficazes que ativam nas crianças o medo e o fingimento de um comportamento obediente apenas na sua presença.
Quando se impõe um castigo a uma criança tenta moldar-se essa criança à sua vontade, reprimindo-se o seu potencial intelectual e a sua visão crítica da sociedade.
Os castigos também tendem a ser violentos (física ou psicologicamente) e quando aplicados podem gerar consequências irreversíveis na educação das crianças. Estas aprendem mais facilmente por modelagem e se estiverem rodeadas por violência, aprendem a responder da mesma forma ao que acontece consigo.
Além disso, o castigo tende a estar associado à pessoa e não ao comportamento, o que leva a que a criança associe a punição à pessoa que o aplicou e não reduz a frequência do seu comportamento, mas evitará a pessoa que administra o próprio castigo.
Educar uma criança é algo complexo e cheio de nuances. O castigo, embora possa parecer uma solução simples e fácil, é, na maioria das vezes, superficial e perigosa.
Os comportamentos negativos não devem ficar impunes, claro, mas a educação em valores obriga a uma atitude mais complexa.
Uma boa educação é aquela que assenta num perfil educacional democrático, crítico e baseado no debate e na procura alternativas para resolver os problemas criados pela própria criança, atribuindo-lhe a responsabilidade pelas suas ações.
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