“As gerações são fruto de um tempo e das suas contingências”. Esta afirmação, tão assertiva da psicóloga, Margarida Gaspar de Matos, na sua obra “Adolescentes. Suas vidas. Seu futuro” justifica, de certo modo, a perceção dos resultados de estudos realizados, que revelaram a baixa participação social dos jovens adolescentes. Talvez, o que se passe é que as suas formas de participação se tornem quase irreconhecíveis, enquanto “formas de participação”, dadas as mudanças vivenciadas.
Aquando da reflexão com os jovens sobre vários temas fraturantes, o trabalho é priorizado, em detrimento da dimensão familiar (que não a sua na altura), o clima ou o ambiente físico.
No mesmo grau, questões de participação na vida pública são relativizadas. Por um lado, os adolescentes mais novos não têm opinião sobre o assunto e, por outro lado, os mais velhos acham que a culpa da crise económico-social é dos idosos que não se reformam ou vivem muitos anos sob a reforma.
Por sua vez, os nossos idosos culpam os jovens de não quererem fazer nada, não trabalharem e não fazerem descontos, alegando que são eles, com os seus ganhos ao longo da vida, quem lhes paga subsídios, estudos e saúde, enquanto os jovens andam a “divertir-se, a beber, a consumir drogas e a manter-se em conflitos”.
Com esta “troca de galhardetes” não se chega a “bom porto”! Por isso, reiterando a perspetiva de Margarida Matos (2020), “há que apostar nos recursos das pessoas, potenciando sinergias e não deixando que estas se afundem em contenciosos ocos, com mundos clivados em dois”
Fonte: “Adolescentes. As suas vidas, o seu futuro” (Margarida Gaspar de Matos, Fundação Francisco Manuel dos Santos, 2020).
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