Quando se fala em “défice de comprometimento humano” entende-se, de forma mais ampla, como a forma de relacionamento enfraquecida entre as pessoas em diversos contextos sociais, profissionais e ambientais. O ser humano vive em medo e, na maioria das vezes, esse medo é irracional, prejudicando significativamente ao próprio e aos com quem se relaciona.
Como respostas espontâneas perante o medo, seja ele qual for, o ser humano pode atacar, congelar ou fugir.
Pois bem, o défice de comprometimento aqui mencionado nada mais é do que uma resposta de fuga perante os próprios fantasmas do medo e traduz-se em vários contextos, de variadas formas, apresentados em seguida.
No ambiente de trabalho, a falta de comprometimento com as tarefas, os objetivos da equipa ou com a organização manifesta-se na quebra de produtividade e da qualidade do trabalho. Além disso, colaboradores menos comprometidos tendem a mudar de emprego com mais frequência, procurando novas oportunidades sem hesitarem.
Em contextos sociais e comunitários observa-se um menor envolvimento nas questões comunitárias, políticas e sociais, afetando a capacidade de ação coletiva para melhorias ou mudanças significativas. Também as organizações sem fins lucrativos e as causas sociais sofrem com a falta de comprometimento, na medida em que cada vez são menos os voluntários dispostos a comprometer o seu tempo e os seus recursos.
Nas relações interpessoais, a preferência por interações menos profundas leva a um movimento onde as relações superficiais são mais comuns, afetando a qualidade dos laços humanos. Por sua vez, a menor disposição para se comprometer leva ao enfraquecimento das redes de apoio social, com impacto significativo no bem-estar psicoemociobal das pessoas.
Por último, a ausência de compromisso com o meio ambiente reflete-se na falta de comprometimento com práticas sustentáveis que acelera a degradação ambiental e compromete os recursos das gerações futuras. Esta falta de compromisso ambiental reflete-se também em padrões de consumo irresponsáveis, exacerbando problemas como a poluição e o desperdício.
A falta de comprometimento numa escala mais ampla tem repercussões significativas, incluindo desafios para alcançar metas coletivas de desenvolvimento sustentável, dificuldades em responder às crises globais como pandemias e mudanças climáticas e arduidades em manter sociedades coesas e resilientes.
Para abordar o défice de comprometimento humano em diversas áreas é essencial promover uma cultura de responsabilidade, ética e de encorajamento. Esta pode ser alcançada através da educação pedagógico-emocional e de políticas que incentivem a participação ativa e sustentável e iniciativas que reforcem a importância das conexões humanas profundas. Criar ambientes que valorizem o comprometimento e reconheçam as contribuições individuais e coletivas leva ao maior envolvimento e à maior dedicação em múltiplas áreas da vida humana.
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