“O Patinho Feio”, é uma obra literária que, à semelhança de muitas histórias, traz consigo ensinamentos, reflexões e questionamentos sobre a forma como se vive. Importa, por isso, atentar nalgumas passagens desta obra e refletir sobre “os patinhos feios” dos dias de hoje.
“Quando o último ovo não partiu, começava logo a ser diferente, já pouco esperavam dele.”
Quantas vezes, os educadores, pela “primeira impressão”, por indicações prévias de anos escolares anteriores, criam preconceções da criança e esperam tão pouco dela? Afinal, “tendemos a aceitar quem está na norma e na norma se sobressai”.
Com o passar dos anos, enquanto adultos, perde-se um amigo: o Tempo. Aí, repetidamente é ouvido “não tenho tempo”. Movidos por esse princípio, “encaixota-se” as crianças em grupos de competências (as mais capazes, as com mais potencial, as mais malandras, as mais espertas…e por aí adiante) e, a partir daí, investe-se nas crianças mais facilmente moldáveis às expectativas do adulto.
No contexto escolar, à semelhança dos outros, há as próprias pressas, os prazos específicos e os educadores insistem em desqualificar a qualidade do tempo – tempo Kairos – e do processo de aprendizagem pessoal, ditando as suas regras e “começando a dar bicadas” nas crianças, para acelerar o seu desenvolvimento. Afinal, o que pretendem com as metas pessoais, parentais e curriculares é o seu sucesso!
Mas, quando se referem ao sucesso, exatamente ao que se referem? O mais visível é aquele sucesso refletido nos resultados escolares ou no prémio de mérito recebido no final do ano letivo.
Pois bem, “sucesso”, é muito mais do que “apenas” este sucesso. Winston Churchill, pautado por uma vida inicial de malogros, defendeu que o sucesso é “ir de fracasso em fracasso sem perder o entusiasmo”. No mesmo seguimento, o autor Ralph Waldo Emerson considera que o verdadeiro sucesso é passa por rir frequentemente e muito, conquistar o respeito e o afeto das pessoas, apreciar a beleza e encontrar o melhor nos outros, e saber que pelo menos uma vida foi mais fácil pela presença de si próprio.
“Logo à nascença, o patinho foi rotulado como feio”, à semelhança de milhares de crianças hiperativas, com défice de atenção e comportamento de oposição… A partir daí espera-se menos dessas crianças e o dever fraternal dos educadores é cuidar delas, mas “não puxando muito por si”. Os pais da atualidade também não esperam demasiado do seu do patinho pois o reu rótulo dá-lhes o que os outros esperam dele – muito pouco – e aí, estão presentes as clássicas expressões “Eu também era assim…”.
Lamentavelmente, o que, não tão poucas vezes se espera hoje das crianças, sejam rotuladas ou não, é que façam o que os educadores achem ser o melhor para elas. Mas atenção: O Mapa não é o Território! Não se sabe como as coisas realmente são, mas como se representam para si próprios.
No final, importa reter que cada criança é única, desafiante e compete aos educadores verem em si, o cisne que muitas vezes está obduto por preconceitos, estigmas e frustrações e resignações pessoais.
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