Meu filho, escrevo-te porque eu também já fui adolescente e também já me chateei com os meus pais.
Eu também já esbravejei, chorei compulsivamente no meu quarto e já senti muita raiva deles…. Daquelas que parecem não ir mais embora.
Mas o que eu te quero escrever é que, mesmo com tudo isso, de alguma forma, eu sempre os ouvi. Mesmo achando que, naquela altura, eles só podiam estar loucos por não me deixarem fazer algo ou definir limites.
Mas sabes? Escutá-los salvou-me de coisas e fez muita diferença (positiva) nos caminhos que a minha vida foi tomando.
Meu querido filho, o mundo não se importa se estás agasalhado, o mundo não conhece o teu doce ou prato preferidos. O mundo não prioriza se estás bem emocionalmente, o mundo não atenta se tu estás com febre, se não soubeste falar ou se experimentaste alguma droga.
O mundo não te vê, apenas te olha, não te escuta, apenas te ouve…
Haverá momentos em que parece que o mundo desabará na tua cabeça e fará um buraco bem fundo. Quando isso acontecer, eu estarei lá para segurar a tua mão, para te ajudar a erguer novamente.
Por isso, mesmo que a raiva esteja em ti mais tempo do que o esperado, mesmo que a revolta pareça tomar conta de ti, tenta esforçar-te para me escutares.
E agora, vem ter comigo e deixa-me abraçar-te e receber o teu abraço bem apertado! A tua demonstração de carinho significa o mundo para mim!
· Fonte: Adapt. do texto da autora Thaís Vilarinho Carta aberta de uma mãe para os adolescentes (globo.com)
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