A violência doméstica pode ter impactos significativos no desenvolvimento infantil, condicionando o bem-estar pessoal da criança a curto, médio e longo prazo.
A exposição frequente a episódios de conflito manifesto ou mesmo latente entre os pais, provoca, na criança, estados emocionais recorrentes de medo e tristeza e o seu impacto manifesta-se através do desenvolvimento de vários problemas, tais como:
1. Psicológicos e emocionais: estas crianças experimentam altos níveis de stresse, ansiedade, medo e confusão. São experiências emocionais intensas que podem resultar em problemas de saúde mental, como a depressão e a perturbação de stresse pós-traumático.
2. Comportamentais: desenvolvem comportamentos agressivos, hostis ou desafiadores; assumem dificuldades em expressar as suas emoções de forma adequada e a regulá-las para benefício próprio e dos outros.
3. Sociais: ficam com dificuldades em estabelecer e manter relacionamentos saudáveis; consequentemente, desenvolvem problemas de confiança e de conexão com os outros.
4. Académicos: o stresse crónico associado à violência doméstica prejudica o desempenho académico das crianças e estas desenvolvem dificuldades de concentração, desmotivação e problemas de aprendizagem.
5. Ciclo de violência: crianças que testemunham episódios de violência doméstica têm maior probabilidade de reproduzir esses comportamentos enquanto adultas, perpetuando, assim, o ciclo de violência.
6. Saúde física: de um modo geral, a saúde física das crianças fica condicionada a médio e longo prazo.
7. Grau de autoestima: estas crianças enfrentam desafios significativos na construção de uma imagem positiva, uma vez que tendem a sentir-se culpadas, envergonhadas ou inadequadas.
8. Desenvolvimento cognitivo: a exposição frequente das crianças a elevados níveis de stresse, impacta negativamente na formação cerebral e das habilidades cognitivas.
Embora este impacto seja mais ou menos transversal às crianças expostas frequentemente a episódios de violência doméstica, cada criança é única e reage de maneira diferente aos mesmos episódios.
A intervenção precoce, o apoio psicológico e o ambiente seguro são cruciais para minimizar os efeitos negativos e ajudar as crianças a superar as dificuldades associadas à exposição de violência doméstica.
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