Sob o ponto de vista fisiológico, a voz humana pode ser definida como o som produzido pela passagem do ar pelas pregas vocais e modificado nas cavidades de ressonância e estruturas articulatórias.
A ressonância vocal trata-se do fenómeno acústico de ampliação e modificação do som que emitimos. O som é transformado no trato vocal e o resultado depende: da forma e volume da cavidade oral (que depende essencialmente da posição da língua); da funcionalidade do mecanismo velofaríngeo (contribuindo para a distinção entre voz oral ou nasal); do tónus muscular das paredes das cavidades supraglóticas.
Quando as pessoas dizem palavras com vogais orais e ocorre um desvio do fluxo de ar para a cavidade nasal, ficam com uma voz nasal. A distinção entre voz oral ou nasal é feita de acordo com a funcionalidade do mecanismo velofaríngeo. O palato mole é a região onde se vai fazer a regulação da ressonância nasal. Algumas pessoas nascem já com a configuração do palato mole diferente e algumas pessoas acabam por adquirir mais ressonância no nariz, ficando com uma voz mais nasal.
Há dois tipos de vozes nasais:
Voz hiponasal: quando a fala é caracterizada por pouco ar a passar pelo nariz. Como resultado, o som não tem ressonância suficiente. É aquela em que a pessoa fala como se tivesse o nariz entupido ou como se estivesse a tapar o nariz, e geralmente acontece em casos de gripe, alergia ou alterações da anatomia do nariz. Uma voz hiponasal é normalmente devida a um bloqueio no nariz. Esse bloqueio pode ser temporário – como quando se tem uma constipação, sinusite, ou alergias. Ou, pode ser causado por um problema estrutural mais permanente, como por exemplo: amígdalas ou adenóides grandes, septo nasal desviado ou pólipos nasais.
Voz hipernasal: quando a fala é caracterizada por muito ar a passar pelo nariz. O ar passa em demasia pelo nariz e dá ao som demasiada ressonância. É o tipo de voz que, normalmente, mais incomoda as pessoas e que surge devido a hábitos de fala desenvolvidos ao longo de vários anos alterando a forma como o ar é direcionado de forma errada para o nariz enquanto se fala. A principal causa de uma voz hipernasal é um problema com a válvula velofaríngea, chamada disfunção velofaríngea. As causas incluem: adenoidectomia, fenda palatina, palato curto, lesão cerebral ou doença neurológica.
Quando estamos perante alguma destas situações, dever-se-á recorrer a um Médico Otorrinolaringologista para avaliar e a um Terapeuta da Fala para tratar.
Um dos melhores tratamentos para corrigir qualquer tipo de voz nasal passa por conseguir controlar a respiração e treinar o ouvido para conseguir identificar quais os sons que são produzidos com a ajuda do nariz ou apenas com a boca e, depois, tentar corrigir a forma como se fala.
Embora seja necessária a ajuda de um Terapeuta da Fala para corrigir de vez a voz nasal, existem algumas dicas que podem ajudar a diminuir a intensidade com que a voz fica nasal e que podem ser mantidos em casa:
Abrir mais a boca para falar:
A voz nasal é muito frequente em pessoas que falam com a boca quase fechada, pois isso faz com que o ar não saia apenas pela boca, sendo também eliminado pelo nariz. Ao fazer isso, o som acaba por sair mais nasal do que o normal. Assim, pessoas com voz nasal devem tentar manter a boca mais aberta enquanto falam.
Fazer exercícios para fortalecer os músculos orofaciais:
Outra boa forma de melhorar a forma como se fala e evitar a voz nasal é praticar exercícios de fortalecimento dos músculos que estão em redor da boca e que participam na fala. Algumas formas de fazer isso incluem:
- Repetir devagar os sons "explosivos", como P, B, T ou G;
- Repetir devagar os sons "sibilantes e fricativos", como S, F ou Z;
- Repetir os sons “a” /“an” repetidas vezes, para exercitar o palato;
- Usar uma flauta para contrair os músculos e direcionar o ar para a boca.
Estes exercícios podem ser repetidos várias vezes por dia em casa e até podem ser feitos sem que seja necessário realmente produzir som, o que permite que sejam feitos enquanto se faz tarefas domésticas, por exemplo, sem que ninguém saiba que se está a treinar.
Baixar a língua enquanto fala:
Outro problema que muitas vezes também está associado à voz nasal é a subida da língua durante a fala, mesmo quando não devia estar elevada, produzindo um som mais nasal. Embora essa alteração seja difícil de identificar, pode ser treinada. Para isso, deve-se ficar em frente a um espelho, segurar o queixo com uma mão, abrir a boca e colocar a ponta da língua atrás dos dentes inferiores frontais (da frente). Após estar nesta posição deve-se dizer a sílaba /gá/ sem fechar a boca e observar se a língua desce no momento em que se diz o 'a' ou se continua levantada. Se estiver levantada deve-se tentar treinar até que o som saia com a língua em baixo, pois essa é a forma correta de dizer a sílaba /gá/. Pode também fazer-se o mesmo exercício, mas a tapar o nariz, para que o ar seja desviado apenas para a boca.