É do conhecimento geral que a adolescência parece ser uma fase de transformação perturbadora, como uma reviravolta da mente e da alma, que faz com que quem era uma criança, se torne alguém irreconhecível. Desde as mudanças de humor difíceis de controlar, as crises de identidade, o desejo de aprovação social, o gosto recém-descoberto pelo risco e pela aventura, até à incapacidade de pensar nas repercussões futuras, tudo contribui para gerar uma mente em constante ignição.
Perante este turbilhão emocional, o potencial académico dos adolescentes é determinado de forma consistente com ramificações que podem influenciar a sua vida. É na adolescência que acontecem “saltos cognitivos” e é quando os adolescentes se baseiam no que aprenderam quando crianças para desenvolver formas mais maduras de pensar, incluindo o desenvolvimento do raciocínio abstrato e a criação de uma mente mais diferenciada.
É comum o manifesto da sensação dos adolescentes, ao longo da história, por se sentirem incompreendidos. O seu comportamento arriscado, as suas rebeldia, impulsividade e irritabilidade geral são erroneamente atribuídas a fatores como a sua ignorância e à sua imaturidade, às suas hormonas descontroladas e ao aumento dos seus impulsos sexuais. Da mesma forma, as suas queixas de angústia emocional causam, muitas vezes, risadas por entre os adultos. Neste sentido, segundo a neurocientista Sarah-Jayne Blakemore, não é aceitável ridicularizar grupos sociais, mas, como é possível relativizar ou até satirizar as manifestações dos adolescentes?
Ao contrário do que se possa pensar, os adolescentes procuram desesperadamente a aprovação e a aceitação dos pais e a grande ajuda que se pode dar aos adolescentes é prestar mais atenção às subtilezas dos desafios que eles enfrentam, entre elas as grandes dificuldades sociais pelas quais atravessam, as mudanças físicas significativas que sofrem e as expectativas sociais colocadas sobre eles. Todas estas mudanças fazem com que, muitas vezes, nem os próprios adolescentes se conheçam.
Os adolescentes são famosos pela sua rebeldia, em geral, pela sua vontade em experimentar limites e pela sua desobediência às regras. Estes padrões comportamentais devem-se ao facto de regiões cerebrais associadas à recompensa desenvolverem-se mais rapidamente que aquelas associadas à inibição e ao autocontrolo. Os adolescentes apresentam mais atividade de sinalização de dopamina – neurotransmissor associado ao prazer e à curiosidade – comparativamente aos adultos ou às crianças mais novas, por isso têm mais tendência vivenciar novas experiências. Esta característica está relacionada com as tomadas de decisão arriscadas, mas também pela vivência de experiências diferentes, o que favorece as tomadas de decisão na vida adulta.
Perante estas mudanças significativas, o papel dos adultos passa por manifestar interesse verdadeiro pelo que os adolescentes sentem e ajudá-los a compreender as razões dos desafios que estão a enfrentar.
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